Jamie Dornan constrói credibilidade indie com o caprichoso Wild Mountain Thyme

No filme de John Patrick Shanley, Wild Mountain Thyme, Anthony, personagem desajeitado de Jamie Dornan, tem uma revelação de última hora para seu interesse amoroso das telinhas, Rosemary, interpretada por Emily Blunt. Parece ser uma razão lúdica para o porquê ele tem sido tão receoso com relação ao seu relacionamento e tão certo de que ele não era merecedor do amor – não era merecedor dela. Sem perder a excelência, o ator da conta da cena com tanto comprometimento e verdade, que você acredita de verdade.

Dornan vem de uma longa jornada como Christian Grey, na franquia de Fifty Shades.

A primeira carreira do ator foi como modelo, até Sofia Coppola o escalar para Marie Antoinette em 2006. Ele depois fez uma impressão significante na série da ABC, Once Upon a Time. Fifty Shades of Grey o lançou para a fama mundial, e ele desde a trilogia, mais tem aceitado papéis indies desafiadores em trabalhos, diversos como na série de TV norte-irlandesa The Fall (na qual interpreta um serial killer) e em filmes como A Private War, contracenando com Rosamund Pike e Untogether com Ben Mendelsohn.

Ele atualmente está estrelando ao lado de Emily Blunt e Christopher Walken na fábula e comédia romântica Wild Mountain Thyme, onde ele chega a mostrar suas costeletas cômicas e seus pedido de casamento a um jumento (você precisa ver para entender)!

No próximo ano ele aparecerá na semi autobiografia de Kenneth Branagh, intitulada Belfast, contracenando com Judi Dench e Ciarán Hinds, e Barb and Star Go to Vista Del Mar com Kristen Wiig.

O Awards Daily conversou com Dornan na véspera de estreia de Wild Mountain Thyme.

Awards Daily: O quão parecido com Anthony você é?

Jamie Dornan: Sabe, Frank, Eu sinto como se todos colocassem — particularmente nessa indústria — você está frequentemente se comportando bem ou mostrando sua melhor versão ou tentando acertar sempre. E a realidade é que as vezes você não quer fazer isso ou na verdade está disfarçando uma vergonha, uma inabilidade, uma falta de confiança… Então com Anthony, eu senti que foi uma solidificação de todas as minhas inseguranças passadas e peculiaridades que pude colocar nele e aperfeiçoar mais no que fizesse sentido para ele.

Nós temos vidas diferentes e diferentes trajetórias e diferentes formas, mas, de muitas formas, eu senti que poderia me ligar a ele e suas fraquezas das quais haviam várias – sua timidez crônica e esquisita… acho que tenho formas de mascarar ou formas de me sair dela as vezes, mas tive sorte de ter sido apresentado oportunidades… e cheguei a esse estágio. Com Anthony, ele não tem essas formas e dizeres. Eu definitivamente reconheço muito de mim nele.

AD: Emily falou sobre a repressão inerente na cultura Inglesa e Irlandesa. Foi algo que você também trouxe para ele?

JD: Sim, acredito que seja verdade, particularmente quando desafiado pelos americanos, por instância. Americanos tentem a ter mais confiança na forma de expressarem-se. Eu não acho que que isso seja novidade pra ninguém, essa é a situação. Por qualquer motivo, há uma leve repressão com as pessoas desse lado do mundo e admissão inquieta de que você é bom em alguma coisa ou tem boa aparência ou qualquer outra coisa… (risos) Não é fácil para as pessoas desse lado do mundo se elogiarem. Particularmente não sei porquê… mas eu definitivamente concordo com Emily que isso acontece de fato.

AD: Como o roteiro chegou a você?

JD: Email. [risos] Tenho sorte — muita, muita sorte na minha carreira. Estou em uma posição onde eu sou enviado algumas coisas e ofertas. Agora e depois eu recebo uma notinha da minha agente dizendo, ‘leia isso primeiro’. John Patrick Shanley traz um certo elemento de influência com ele. Nós estávamos conversando sobre o escritor ganhador do Prêmio Pulitzer, Oscar, Tony — todos por diferentes projetos, devo adicionar. Esse é muito importante. E eu era fã do Shanley antes e eu li e pensei, esse é um a das coisas mais estranhas que eu já li, mas eu amei e quero fazer. Estou apenas sendo franco. Eu acho que estou bem próximo da opinião de Emily Blunt sobre isso.

Eu nunca tive a oportunidade de interpretar um personagem como aquele, que é tão incerto de si mesmo. E de falar essas palavras, essas lindas palavras que eles falam, particularmente naquele terceiro ato inteiro do filme. Aquilo é uma cena de 25 páginas que eu e Emily tivemos na cozinha. É raro ter a oportunidade de dizer palavras que são como aquelas, então não tive que pensar muito sobre aceitar.

Eu arranjei um telefonema com Shanley e essas ligações geralmente duram uma hora ou uma hora e meia. Mas não é assim que ele funciona. Ele falou comigo por cerca de sete minutos. Eu disse a minha esposa, ‘vou falar com
John Patrick Shanley. Volto daqui há uma hora e meia’. Oito minutos depois eu estava em pé na cozinha e tipo, ‘bem, ele me quer para o papel e eu acho que vou aceitar’. [risos]

AD: Há uma química grande entre você e Emily.

JD: Valeu, cara. Você não consegue — eu acho que você pode manipular aquilo por si só. Todos nós provavelmente já tivemos que fazer aquilo várias vezes. Não é fácil de fazer aquilo. Você tem que trabalhar mais duro para vender aquela química em certos trabalhos e então às vezes ela está naturalmente ali. Tenho sorte de poder falar que Emily e eu tivemos ela naturalmente, sem restrição.

Quando nos conhecemos eu apenas sabia que teríamos. Acho que ambos sentimos isso. Nos encontramos socialmente algumas vezes. Emily e minha esposa são melhores amigas, então eu tenho estado no círculo da família Blunt antes e, tipo Emily Blunt, todos eles são ótimos, muito divertidos, uma família incrível para se ter por perto. Então sabíamos desde cedo que nos divertiríamos muito juntos e definitivamente tivemos.

AD: Me conte sobre trabalhar com Walken. Como foi e você conseguiu extrair algum discernimento quando conversando com ele no set?


JD: Sabe que até de ouvir você dizer isso eu acho tão legal que eu trabalhei com ele. Eu as vezes tenho que me beliscar para acreditar que Christopher Walken interpretou meu pai. É meio louco, você é uma criança que cresce assistindo e admirando e levemente obsessivo com algumas de suas performances – se alguém me contasse durante minha juventude que ele estaria interpretando meu pai um dia! É uma das coisa mais insanas.

Eu vou te falar que a melhor coisa pra mim, Frank, é que Chris estava apavorado e nervoso na verdade e é meio que igual a cada um de nós. O primeiro dia nós estávamos gravando as cenas da cozinha, eu, Dearbhla Molloy e Chris meio que sussurro pra Dearbhla que ele estava nervoso e eu ouvi. E Dearbhla falou tipo ‘você é a porra do Christopher Walken! [Risada alta] Se componha’. Eu acho que ele só precisava ouvir aquilo. Mas foi adorável para mim ver que alguém da sua estatura… ainda estaria ali, no seu primeiro dia, primeira tomada, apavorado, assim como todos nós. Aquilo foi revigorante de ver. E também um pouco alarmante — ’aí meu Deus, terei uma carreira inteira onde nunca vou relaxar?’.

AD: Dizem que os melhores atores sentem-se assim. Jane Fonda fala como ela sabia que ela ia se sair bem porque ela estava nervosa antes de cada performance.

JD: Eu quero dizer que eu acho que você tem que passar por isso… Quanto mais apavorado eu estou lendo um roteiro ou o que está prestes a acontecer, mais é um sinal de é a escolha certa… porque deveria ser desafiador. Você não quer aparecer no set tipo, ‘Ah, tenho tudo sob controle. Eu sou esse cara’. É por isso que eu nunca quero estar em uma situação onde eu esteja abalando nos filmes de ação em um ano, interpretando relativamente o mesmo personagem vazio. Eu gosto do desafio de habitar um mundo diferente e um mundo que você não está confortável nele, porque qual o objetivo de ser um ator se não está disposto a aceitar esses desafios?

AD: Isso me traz a sua trajetória carreira de distância. Você parece estar se distanciando dos grandes filmes de Hollywood como Robert Pattinson. Estou achando que é deliberado da sua parte.

JD: para ser honesto contigo, eu sinto que, nos últimos quatro ou cinco anos eu tenho feito isso, é onde os melhores roteiros estão ou onde eu acho que os roteiros mais interessantes estão — os mundos mais interessantes. As vezes diretores que eu acho intrigantes estão nesse mundo — aquele indie de orçamento de $5-15 milhões… Muito desses vem até mim porque eu fiz filmes maiores que esses… Eu acredito que há produtores interessantes de verdade por aí a fora que têm grandes histórias para contar e eu creio que as pessoas devem trazer o melhor de seus trabalho a esse nível, porque você não tem a luxúria do tempo e dinheiro para voltar e regravar e de fazer várias tomadas. Todos têm que dar o braço a torcer e fazer dar certo. E essa energia me anima.

Eu comecei lentamente no sistema de estúdio duas ou três vezes nos últimos anos e eu gostei de fazer aquilo e eu acho que você ainda precisa fazer isso, mas eu vou me esforçar e continuar me desafiando e fazendo papéis interessante nesse mundo indie também, porque estou levemente preocupado sobre esse mundo para ser franco com você, Frank, porque filmes independentes, particularmente depois do ano que tivemos, estão mais e mais difíceis de serem feitos.

Eu acabei de escrever um roteiro, durante a quarentena com um amigo e nos temos essa absolutamente incrível — continuo me beliscando — produtores no time e estamos prestes a começar o árduo desafio de tentar financiamento de fora do mundo do streaming. Se eles entrarem, ótimo, seremos vistos, mas é duro ter esses filmes vistos. E é triste porque eu não quero ter que chegar ao ponto onde os únicos filmes que você pode ver são pessoas usando capas… Me faria muito triste, de verdade. Mas tristemente acredito que é o caminho que estamos trilhando.

AD: Revendo a trilogia de Cinquenta Tons, o que você diria que foi sua melhor e pior memória?

JD: [risos] Pai amado. Isso poderia ser uma grande exposição. [pausa] A melhor e pior coisa foi quase no mesmo momento: finaliza-lo. Encerar em Paris — quando de fato encerramos a trilogia — Dakota e eu nos abraçamos, e nós tínhamos passado por essa experiência louca. E foi o melhor de poder ter fechado bem. Sim, foi uma situação caótica mas que fez muito dinheiro. E esses filmes foram feitos para os fãs e eles amaram. E essa foi a satisfação de ter passado por isso e Dakota e eu mantivemos a grande amizade que tivemos do começo ao fim — nós temos muito respeito um pelo outro. Então esse foi o melhor momento e foi meio que o pior no sentido de que essa louca, insana experiência (ia acabar) e você faz amigos para a vida toda e é triste porque chega ao fim. Mas eu também estava muito feliz em chegar ao outro lado e animado para o que aconteceria depois.

AD: Eu te ovaciono na sua diplomaria ao responder essa pergunta.
[Dornan cai na risada.]

AD: Você pode me falar sobre Belfast?

JD: Eu provavelmente não posso falar muito sobre ele ou Kenneth Branagh não vai ficar nada feliz, mas é uma história muito íntima para Ken. Muitas pessoas não se dão conta de que ele nasceu em Belfast e foi criado lá até os 9 anos de idade e saiu de lá quando The Troubles* aconteceram em 1969. Então tem um elemento disso na história. Eu fui muito sortudo de poder gravar algo durante a pandemia. Foi uma diversão e alegria. Sou um grande fã do Branagh. Novamente, de Christopher Walken interpretando meu pai em Wild Mountain Thyme, eu fui para Ciarán Hinds e Dame Judi Dench interpretando meus pais em Belfast! Estarei assistindo semana que vem e mal posso esperar para as pessoas assistirem.

*O Conflito foi uma luta por direitos civis que aconteceu no norte da Irlanda em um combate entre as Forças Armadas Britânicas, os Republicanos Irlandeses e os Lealistas do Ulster. Em 1972 houve o massacre de Bogside, que gerou a música Bloody Sunday da Banda U2.

Fonte: Awards Daily, Dezembro 2020.

Jamie Dornan Builds Indie Cred with Whimsical ‘Thyme’

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