Jamie Dornan é capa da nova edição da revista Arena Homme+.
- 27 de maio de 2024
- Destaque, Entrevistas
Jamie Dornan é destaque na edição de verão/outono da revista Arena Homme+, onde além de um ensaio fotográfico maravilhoso, o ator bate um papo com sua amiga e ex-colega de elenco em Barb and Star Go To Vista Del Mar, Kristen Wiig. Durante a entrevista, o ator compartilha detalhes sobre seus projetos mais recentes. Confira abaixo a tradução:
Saúdem Jamie Dornan, o premiado ator de Holywood, na Irlanda do Norte (agora talvez mais associado a Hollywood, Los Angeles), cujo talento é celebrado tanto por cineastas quanto por amantes do cinema ao redor do mundo. Ele nos arrepiou e revirou nossos estômagos com sua excelente performance de estreia como o serial killer Paul Spector na série de drama policial The Fall, papel pelo qual foi indicado ao prêmio de Melhor Ator da British Academy Television. Ele também foi indicado ao Globo de Ouro em 2022 por sua atuação em Belfast, dirigido por Kenneth Branagh. Recentemente, ele esteve ocupado com seu mais novo projeto, The Tourist, que teve sua segunda temporada na BBC a partir de janeiro, além de se tornar o mais recente embaixador da marca Loewe, de Jonathan Anderson. A seguinte conversa é entre Dornan e sua amiga próxima e colega de trabalho, Kristen Wiig, cuja nova série Palm Royale foi lançada em 20 de março. Os dois atuaram juntos no filme Barb and Star Go to Vista Del Mar.
Kristen Wiig: Jamie, sinto que preciso te contar, estou em um quarto de hotel porque… sabe, essa pintura não é minha.
Jamie Dornan: Eu ia dizer – gostei muito da sua arte ali.
KW: [Risos] só gosto de manter tudo bem básico. Eu sei que deveríamos realmente falar sobre The Tourist, e estou muito feliz em falar sobre The Tourist, porque é tão bom.
JD: Obrigado!
KW: E sinto que isso é totalmente a sua cara. Não esperava que tivesse tanto humor. Isso é algo que você trouxe para o projeto? Como foi apresentado para você?
JD: Bem, definitivamente havia humor, e isso me chamou a atenção. Gostei que não fosse apenas um drama sério. Na verdade, depois de ‘Barb and Star Go to Vista Del Mar’, pensei que mais trabalhos de comédia viriam para mim, mas não foi bem assim [risos].
KW: Tenho certeza de que sim, e que tem acontecido.
JD: Te prometo que não aconteceu. Não estou dizendo que nada apareceu, mas não coisas que eu queria fazer. Acho que vocês definiram o padrão muito alto.
KW: Tenho certeza de que não é bem assim [risos]. Vou dizer, quando as pessoas mencionam o filme, a primeira coisa de que falam é de você e de como foi engraçado. As outras pessoas que estão em The Tourist – Danielle [Macdonald], por exemplo, faz muita coisa de comédia, né?
JD: Sim, ela faz.
KW: E então tem o [ator] Ólafur Ólafsson, certo?
JD: Sim, chamamos ele de Darri. Ele é muito legal. Eu realmente o adoro. Acho que foram muito inteligentes com ‘The Tourist’. Muitos dos papéis menores eram de atores temporários, como as pessoas que trabalhavam na loja de presentes, todos esses papéis menores, foram feitos por muitos comediantes que na verdade não fazem muita atuação séria. Eles eram meio que essas pessoas excêntricas, estranhas, engraçadas, e eles realmente elevaram esses momentos.
KW: Parecia que eram pessoas reais que viviam lá. E você deve ter ficado lá por meses, imagino?
JD: Eu fiquei lá [na Austrália] por cerca de cinco meses. Nossas filhas foram para a escola lá e tudo mais. Foi meio intenso.
KW: Como isso funciona – estou perguntando também por mim mesma – quando você recebe um projeto assim e é tipo, ok, são cinco meses na Austrália… Transferir escolas – ser pai, é difícil escolher. Como funciona isso?
JD: Claro, mas acho que muito disso tem a ver com o momento certo e cada caso depende da situação exata em que você está naquele momento. The Tourist surgiu em um momento muito oportuno, quando a Covid estava no auge no Reino Unido, estava realmente difícil. E então apareceu The Tourist, e foi uma oportunidade de ir para a Austrália, onde não havia casos de Covid, literalmente zero. Os australianos estavam sendo super rigorosos com isso. Não estou dizendo que fiz The Tourist para fugir, mas veio na hora certa, estávamos matriculando as crianças na escola. Se algo semelhante surgisse na Austrália agora, simplesmente não iríamos. Seria muito perturbador em nossas vidas. Nossa filha mais velha tem dez anos agora e no próximo ano terá exames importantes que determinarão a escola secundária em que ela irá estudar. Estamos tentando manter tudo bem local mesmo. Acho que quanto mais velhos os filhos ficam, menos você pode mudar de lugar.
KW: Sim, porque eles têm seus amigos e isso é meio que tudo para eles.
JD: Sim, exatamente.
KW: Quando você lê algo, um roteiro ou algo do tipo, você meio que pensa: “Quero fazer esse tipo de coisa em seguida?” Ou é apenas o que aparece em seu caminho?
JD: Acho que você não sabe até se sentir realmente impactado por algo.
KW: Sim, sinto que sei bem cedo, quando estou lendo algo.
JD: Às vezes estou realmente disposto por causa das pessoas envolvidas. Há esse conflito do tipo, ‘Devo fazer isso porque há muitas pessoas legais envolvidas, e você pode aprender muito, e provavelmente seria uma experiência geralmente boa?’ Muitas vezes, minha intuição na verdade me diz, ‘Hmm, não quero realmente fazer isso, e não gosto muito da ideia de interpretar esse personagem, mas sei que é um diretor realmente bom’. Então, acho que você está sempre lutando contra esse tipo de conflito, e na verdade acho, aprendendo agora depois de quase vinte anos fazendo isso, que você precisa seguir sua intuição.
KW: Mas não sei, porque temos tantos lados. Amo fazer drama e amo fazer comédia. Acho natural para mim, se eu fizer algo cômico, e então estou meio que tipo, ‘Ah, preciso fazer algo super dramático’, não pela imagem, mas apenas criativamente. Mas na verdade, não tenho controle sobre isso [risos]. Gostaria de dizer que tenho uma estratégia, mas não tenho. É meio que, como você disse, algo vai surgir. Acho que as pessoas envolvidas são importantes. E também, agora que sou mãe, não quero realmente fazer algo super sombrio – espera, quando você fez The Fall, você tinha filhos?
JD: Quando fiz a primeira temporada de The Fall, ainda não tínhamos filhos. Millie e eu nem sequer estávamos casados, ficamos noivos pouco antes de eu começar a filmar. E então, porque tenho essa lembrança de uma cena naquele momento, uma das poucas inocentes – bem, nenhuma é inocente, pelo amor de Deus [risos] – mas há uma cena em que meu personagem está lavando o cabelo da filha na banheira. Quer dizer, você acabou de vê-lo matar uma mulher inocente, então é um lugar estranho de qualquer maneira, mas me lembro, e acho que naquela época eu tinha uma sobrinha, mas ela era um bebê e certamente não a tinha banhado, então nunca dei banho em uma criança – É tão estranho pensar nisso agora, depois de dez anos e meio como pai, sempre dando banho nas crianças. Eu estava lá, lavando o cabelo dela, e a espuma acabou indo parar nas minhas mãos [risos]…
KW: Eles tipo… ‘Você já deu banho em uma criança?’ [Risos].
JD: Sim, literalmente [risos]. Eles tipo, ‘O que você está fazendo, cara, o que está fazendo?’ Eu estava tipo, ‘Só estou me certificando de que o cabelo dela… é assim que se faz?’ [Risos] Tive que ser ensinado sobre tudo isso. Eu interpretei alguns personagens sombrios, não há uma grande quantidade de coisas que minhas filhas viram ou verão. Barb and Star Go to Vista Del Mar, um pouco de Belfast e eu fiz uma pequena participação no filme Trolls World Tour que pedi para participar por causa delas, então também sou consciente disso, mas também tem muita coisa incrível. E porque fui elogiado por interpretar papéis sombrios antes, continuo recebendo esses tipos de papéis, e muitas vezes estou de acordo com isso. Gosto ou não, esses convites não param, e nunca os rejeitarei completamente. É engraçado quando você se torna pai, porque meio que faz você repensar um pouco em como sua mente funciona.
KW: Ah, sim. Teve algo que chegou até mim recentemente que era tão sombrio, e eu não consigo fazer [risos]. Nem é pelo fato de estar disponível, talvez eles assistam, é apenas que eu não quero chegar em casa à noite – definitivamente mudou para mim.
JD: Com certeza!
KW: Eu realmente amo Kenneth Branagh como diretor. Nem quero dizer que ele é subestimado, porque obviamente ele é muito conhecido, mas amo todos os seus filmes, acho que ele é muito bom. Você trabalhou com ele duas vezes, já conversou sobre trabalhar com ele novamente em algo diferente?
JD: Ele é tão incrível, eu o adoro! E temos uma conexão tão natural um com o outro, o que é algo que normalmente não se garante com a maioria dos diretores [risos]. Ainda tenho momentos em que preciso me beliscar, que ele me aprecia como ator e como pessoa,e acho que isso se deve ao fato de ele ser uma espécie de titã na indústria e ter uma carreira tão longa e variada. Para alguém assim confiar em mim para contar a história mais pessoal que você poderá contar e retratar seu próprio pai ou versão de seu pai [em Belfast], sempre me orgulharei muito disso.
KW: Que bom para você!
JD: Kenneth tem estado tão ocupado, agora ele está fazendo King Lear na Broadway, mas definitivamente discutimos outras possíveis colaborações, o que seria adorável porque – e você provavelmente trabalhou com diretores repetidas vezes, não sei o que é, mas é apenas um alívio adorável do medo que você tem a cada trabalho, tipo, ‘Caramba, e se depois dos ensaios e das reuniões que temos, os jantares que temos, e se chegarmos no set e essa pessoa for um psicopata?’
KW: Sim, ou eles pensam que o que estou fazendo é terrível. E então, quando eles te chamam de volta, você pensa, ‘Ah, acho que me saí bem.’ [Risos]
JD: [Risos] Sim, exatamente… Caramba. É tão bom ter uma relação contínua em que o Kenneth sabe do que sou capaz, e eu sou alguém que precisa desse encorajamento e fé para me sair bem.
KW: Quero te fazer uma pergunta meio ‘de ator’, mas estou curiosa…
JD: Manda ver!
KW: Em termos de ter um parceiro de cena – obviamente trabalhamos com pessoas com diferentes experiências – quais são as suas características para um parceiro de cena ideal?
JD: Alguém que discorde do que eu quero fazer [risos].
KW: [Risos] Ótimo.
JD: Às vezes você sente essa facilidade natural com as pessoas, e parece que é algo muito raro – na verdade, não é raro, acontece bastante. Tenho um certo receio com ensaios.
KW: Eu também!
JD: Eu não gosto dessa de “coloca movimento nisso!” quando você está sentado em um escritório no Soho e a realidade da cena é que ela se passa em uma selva. Honestamente, eu não entendo o que isso quer dizer. Uma vez, passei por uma situação onde um diretor fez isso. Ele disse, “Vamos lá, levanta, coloca um pouco de movimento nisso.” E eu estava fazendo essa cena, super relutante, literalmente em um escritório abandonado, e em um momento comecei a mexer com um grampeador [risos], e ele disse, “Se você quiser usar esse grampeador, pegue ele na cena,” e eu fiquei tipo, “Essa cena não se passa em uma floresta? Vai ter material de escritório lá?”
KW: [Risos]. É tão estranho.
JD: Eu odeio isso, mas o que eu amo fazer é o que acabamos de fazer por duas semanas inteiras em ‘The Undertow’ – sentar e conversar sobre as coisas, e é tão maravilhoso. Ler as cenas, pensando em ‘como podemos melhorar isso? O que você quer desta cena?’ Isso realmente me faz lembrar dos primeiros dias de aprendizado, de como encontrar um personagem e tudo mais.
KW: Sim.
JD: Na verdade, foi uma experiência tão agradável, e agora me sinto tão preparado, porque todos os atores estavam lá e todos entramos na cena. Pudemos conversar de maneira muito aberta e segura sobre o que sentíamos que queríamos, e eu já sei como vou atuar em todas essas cenas com a Mackenzie Davis.
KW: Ah, eu adoro ela.
JD: Ela é incrível, eu tenho feito muitas coisas incríveis com Mackenzie. Eu sei que vai ser bom, tenho certeza disso. E tenho tido muita sorte com várias pessoas assim. Embora eu ainda não tenha contracenado com alguém que seja super metódico.
KW: Acho que eu também nunca passei por isso.
JD: Acho que estamos falando de menos de um por cento. O mundo exterior pensa que 90 por cento dos atores são assim, eu nunca trabalhei com alguém que atua assim, que se aprofunda tanto em suas próprias emoções e experiências para dar vida aos personagens. Não sei como lidaria com alguém assim, e não sinto que haveria uma situação coesa e harmoniosa entre nós dois, porque seria tudo sobre o jeito dessa pessoa. Ainda não enfrentei isso, mas acho que teria muita dificuldade se, e quando, enfrentar. É algo que envolve toda a equipe – é como um esporte, não é? Às vezes, você entra sabendo que você e seu parceiro de cena, ou parceiros, vão fazer funcionar porque conversaram sobre isso e se respeitam, são realmente abertos, e você vê nos olhos deles que estão dispostos a ouvir e interagir. E às vezes alguém entra com uma ideia muito clara de como vai fazer, não se importa com o que você vai fazer, e aí você pensa, ‘Isso vai nos arruinar, você está fazendo tudo girar em torno de você quando a câmera está em você, e não é assim que deve funcionar.’
KW: Concordo totalmente. Eu também nunca tive isso, mas acho que é preciso ter essas conversas como pessoas, tipo ‘Jamie e Kristen, é assim que estou pensando nisso.’
JD: É uma questão de confiança, né? Tudo se resume à confiança. Sair para jantar pode ser como um momento de ensaio para mim.
KW: Concordo.
JD: Trabalhei com Cillian Murphy, que obviamente está passando por um ano realmente difícil, né? Ele está enfrentando um momento ruim e sua carreira está em baixa, sabe, está realmente difícil para ele [risos]. Mas Cillian e eu fizemos o filme Anthropoid anos atrás, mas antes de começarmos o filme, ambos pensamos, ‘Vamos sair para jantar e nos conhecer’. E nós simplesmente saímos, comemos pizza e bebemos algumas cervejas, e tivemos um tempo incrível juntos. Ele é um amigo muito querido meu até hoje. Foi a primeira vez que nos conhecemos, e tivemos que interpretar melhores amigos no filme, e foi muito útil fazer isso, apenas construir aquela relação e aquela confiança. Então, chegamos ao ponto em que, com um pouco de ensaio também, estávamos tão alinhados quando pisamos no set, e fizemos todo o nosso trabalho de roteiro juntos, nos sentamos lado a lado com nossos roteiros de cena de manhã, conversamos de verdade sobre tudo. Sentir total segurança e conforto com alguém, é uma sensação maravilhosa.
KW: Sim, concordo. Na verdade, quero te perguntar isso, mesmo que seja só por curiosidade. Então, suas filhas obviamente já são grandes o suficiente, elas sabem o que você faz, elas sabem o que você faz há muito tempo.
JD: Sim.
KW: Você evitou contar a elas no começo por um tempo? Como elas ficaram sabendo? Meus filhos têm quatro anos, então eles realmente não sabem. Mas é quase como se eu estivesse dizendo a eles que foram adotados quando revelo o que faço. [Risos]
JD: [Risos] Apenas indo para aquele local de trabalho por um tempo. Acho que nunca tentei esconder nada deles.
KW: Eu não escondo nada! Eles simplesmente não entendem porque nunca viram um programa com atores, não entendem.
KW: Você demorou um pouco para contar a elas no começo? Como descobriram? Meus filhos têm quatro anos, então não entendem muito bem. Mas é quase como se eu estivesse dizendo que são adotados quando revelo o que faço. [Risos]
JD: [Risos] É só dizer que vou para o trabalho por um tempinho. Acho que nunca tentei esconder nada delas.
KW: Eu não escondo nada! Eles simplesmente não entendem porque nunca viram um programa com atores, não pegam a ideia.
JD: Naquela idade, não é esconder. Acho que para os mais velhos, você poderia potencialmente começar a protegê-los disso ou escondê-los disso, mas simplesmente não acho que já fizemos isso. Acho legal ser ator [risos], é uma coisa muito legal. Acho que somos abertos sobre isso.
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Fonte: Arena Homme+ | Tradução: Jamie Dornan Brasil
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