Jamie Dornan fala ao Golden Globes Awards

Há uma cena climática em Wild Mountain Thyme onde Jamie Dornan está tão desconfortável em própria pele que parece que ele quer fugir do seu famoso corpo. É cativante e engraçado – e se você ouvir o ator que se tornou um feitor de corações pulsantes da noite pro dia na trilogia de Cinquenta Tons – ele vai te assegurar que Anthony, criação de John Patrick Shanley, é mais parecido com sua verdadeira natureza do que a postura de Christian Grey. Com personagens intensos interpretados em The Fall, My Dinner with Hervé e A Private War onde a jornada interna é fascinante, não é uma surpresa que seus filmes valem mais de $500 milhões só nos EUA.

Isso deu a Dornan a liberdade de experienciar ação (Robin Hood) e agora comédia (Wild Mountain Thyme and Barb e Star Go to Vista Del Mar – 2021). Wild Mountain Thyme é o antídoto perfeito para 2020, cheio de humor e romance, co-estrelando Emily Blunt e Christopher Walken, saído diretamente da imaginação e direção de John Patrick Shanley (Doubt, Moonstruck), e é baseado em sua peça, Outside Mullingar.

GG: Os trabalhos que fez anteriormente tem sido dramáticos e Wild Mountain Thyme é sua primeira comédia. Algum motivo para isso?

Jamie: Sinto que Wild Mountain Thyme tem momentos de comédia, mas é essencialmente uma fábula à moda antiga. Há uma parte de mim que sempre esteve mais próxima ao lado leve da vida do que dos outros lados que eu já interpretei e é algo que não tive a oportunidade de mostrar para as pessoas antes. As pessoas tem uma ideia de como sou nas telas e dos personagens que interpreto, e Anthony é tudo o que eu não interpretei antes, foi um mundo totalmente novo, que foi uma perspectiva muito animadora.

GG: Em Cinquenta Tons, você teve que estar muito confortável com seu corpo e nesse, você teve que estar muito desconfortável. Como você incorporou essa dificuldade?

Jamie: Eu interpretei muito personagens – Christian Grey, Paul Spector em The Fall – que tudo sobre eles se resume a controle e confiança e saberem o que eles querem. Anthony é o oposto disso. Ele é tão desconfortável consigo mesmo. Ele não acredita em si mesmo, não sabe o que quer ou se quer. Fisicamente ele é estranho e terrível em se expressar. Eu não sou assim, mas eu definitivamente tenho versões e inseguranças próprias que são muito próximas de Anthony, mais do que aqueles personagens controladores que eu interpretei.

Eu tive problemas com o porte físico de Christian Grey, por causa da sua postura sempre perfeita, ele está sempre se controlando, se importa muito com aparência física e foi algo que eu tive, de verdade, que trabalhar pessoalmente muito, sou muito mais relaxado do que ele. Então a oportunidades fazer alguém que pode relaxar em seu próprio corpo e quase tropeçar sobre seu próprio corpo algumas vezes, aquilo foi o que me atraiu muito.

Aquela ideia de interpretar alguém que é muito complicado e nem sempre está apto a se articular ou agarrar as coisas que são importantes pra ele, mesmo quando são entregues a ele de bandeja – eu amei entrar em sua mente.

GG: O quão familiar você estava com o trabalho de John Patrick Shanley?

Jamie: Eu assisti Doubt, e li a peça, Outside Mullingar, que Wild Mountain Thyme é baseado sobre. Eu era um fã de Moonstruck e assisti algumas vezes quando criança. Ficou guardado em mim porque era um pouco de ‘outro’ – um pouco peculiar ou diferente de qualquer coisa que você já viu. Também sou um grande fã de Joe Versus the Volcano. Qualquer coisa de Tom Hanks daquela época, eu sou vidrado e amo muito.

John traz um senso de poesia única para tudo o que ele escreve. Wild Mountain Thyme foi escrito assim, especialmente a grande cena de 25 páginas da cozinha que Emily e eu tivemos, que cobriu tudo o que queríamos falar, sem poder dizer, ou tínhamos que nos segurar para não falar; nosso relacionamento foi encorpado totalmente naquela cena. Eles quase falam um com o outro em versos. É muito diferente de qualquer coisa que já vi em um roteiro. Esse foi o grande chama e por seja lá qual razão, ele me quis para interpreta-lo.

GG: A chuva. Me fale sobre a sujeita, o musgo e a bagunça de trabalhar na chuva.

Jamie: Chuva traz drama. Tudo é elevado na chuva. Naturalmente, chove muito no noroeste da Irlanda, mas nós também tínhamos máquinas de chuva – no início onde estávamos tendo dificuldades com os postada e depois na grande cena climática. Emily recebeu o pior dela. O jeito que o vento soprava ela estava recebendo diretamente em seus olhos e eles estavam ficando diretamente lampejados. Eu pensei, ‘Por Deus, que violento!’

GG: Você teve trepidações em seu pedido?

Jamie: Não tive tanta dificuldade. É uma grande coisa; é um momento monumental, provavelmente a pergunta mais importante e carregada que você vai perguntar a alguém na sua vida. Você está definitivamente pensando naquilo. Eu sabia que eu queria pedir, então sentia confiança e tranquilidade. Você tem que saber que eles podem reponder ‘não!’. Não tenho certeza que isso passou pela minha cabeça naquele dia, eu estava muito confiante.

GG: O quão confortável você está com animais da fazendo?

Jamie: Nós vivemos no interior, ao lado de uma fazenda. Temos algumas cabras, galinhas, um coelho, um cavalo e um cachorro. Temos uma certa quantidade de animais aqui – mas não é uma fazenda. Eu cresci na área rural da Irlanda, no povoado de uma cidade. Minha mãe dizia que sua família eram fazendeiros de suínos. Eu passei muito tempo em fazendas, e nós estamos rodeados de fazendas onde vivemos. Eu sou alérgico a quase todos animais de fazenda. Eu fico meio que muito agoniado se estou muito próximo a cavalos, vacas e ovelhas.

GG: No filme você diz, “Eu não sei qual é o lugar de um homem.” Você se identifica com aquela ideia?

Jamie: Eu identifico com aquele momento de pra quê um homem serve agora? Eu tive duas irmãs durante meu crescimento, e tenho três filhas e uma esposa agora. Eu sou rodeado de mulheres! Eu as vezes me encontro fazendo aquela pergunta: qual é o meu lugar? Eu sou deixado de fora de várias coisas. Há muitas portas fechadas, e eu entro e falo ‘Gente posso entrar?’, ‘Não, é somente para garotas,’ e eu falo, ‘É só eu e o cachorro!’.

Se o lugar da mulher é ganhar força na sociedade, no geral, eu acredito que essa é uma coisa boa. Elas têm, infelizmente, um longo caminho a trilhar. Elas estão em uma posição onde não há um campo igualitário em todos os aspectos da sociedade, infelizmente, mas estão direcionadas a direção certa, que é a única coisa boa.

GG: Você foi criticado por seu sotaque irlandês nesse filme. Como se sente sobre isso?

Jamie: Todos estão inclinados para uma opinião. Na Irlanda, somos um país de tiradores de onda (piadistas). Não importa o que você faça, você vai ter uma piadinha sendo feita sobre você! Eu aceito totalmente isso. A versão de alguém do ‘certo’ ou ‘bom sotaque irlandês’ é diferente de outra – e eles podem estar na mesma vila, imagine se for do outro lado do mundo – quando você faz um filme, você faz um filme para todos assistirem. Você receberá o julgamento de certas áreas e não receberá julgamento de outros, e tá tudo bem. Tudo faz parte de criar conteúdo pra fora e deixa que haja uma resposta subjetiva. Eu tenho um sotaque, quem não tem? Todos temos. Todo mundo é único e todos nós temos formas estranhas e maravilhosas de falar – é o que faz o mundo tão legal. Você não me encontraria sendo rude sobre o sotaque de alguém porque eu aceito o de todos, mas também aceito o fato de que pessoas vão fazer piadas – e tá de boa também.

Fonte: Golden Globes, Dezembro 2020.

https://www.goldenglobes.com/articles/jamie-dornan-wild-mountain-thyme

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