Jamie Dornan fala sobre suas raízes irlandesas, sua juventude de espírito livre e se sentindo com os pés no chão aos 40 anos.

Jamie Dornan fala com Gabrielle Donnelly sobre como o casamento e os filhos o mantêm com os pés no chão desde que ele alcançou a fama.

Ultimamente, Jamie Dornan tem pensado em suas raízes irlandesas. “Eu me identifico como irlandês e só tive passaporte irlandês”, diz ele com firmeza quando nos encontramos. “Se você é de algum lugar onde a terra é tão bonita quanto a Irlanda é muito difícil não se sentir-se ´casado´ com a terra e orgulhar-se dela. Nada me afeta mais profundamente do que voltar para casa naquele chão – está no fundo da minha alma. Qualquer oportunidade de voltar lá, eu aproveito.”

Talvez tenha sido o grande sucesso do filme semiautobiográfico de Kenneth Branagh, “Belfast”, lançado no início deste ano, mas ele diz que quanto mais velho fica mais irlandês ele se sente. E como ele mesmo pontua, com um sotaque como o que ele tem é constantemente lembrado de onde ele é. “Quando as pessoas descobrem que você é irlandês – se eles ainda não descobriram – eles imediatamente dizem, ‘Oh, meu Deus, é tão bonito lá. Como foi crescer lá?’ Isso é simplesmente a reação das pessoas a isso. Eu cresci a dez quilômetros de Belfast e, embora estivesse conectado à cidade, ainda seria considerada área rural. Era meio afastado e cercado por campos e eu morava bem perto de uma praia. Eu amava!”

Apesar de ter tido uma infância feliz, o futuro galã diz agora, a sua notoriedade quando mais jovem com as meninas era limitado, para dizer o mínimo. “Você está brincando?” ele ri. “Toda garota que eu gostava na escola não correspondia aos meus sentimentos! Eu era muito tímido, muito tímido, e eu simplesmente não tinha o jogo de cintura – simplesmente não tinha. Havia uma menina na escola – eu Não vou dizer o nome dela, mas ela sabe quem ela é – em quem eu fui com tudo, todas minhas melhores cantadas, embora fossem mínimas, admito. E então eu falei direto a ela – bem, não acho que a ela que a amava, mas eu disse a ela que eu realmente gostava dela, e eu queria que algo acontecesse. E ela simplesmente disse não. Ai!”

Filho de um respeitado ginecologista de Belfast, decidiu não seguir o pai na profissão e estudou brevemente marketing na “Teesside University”. Mas ele desistiu para se mudar para Londres e semear algumas prazerosas oportunidades cantando em uma banda folk (Sons of Jim, que se desfez em 2008), ganhando algum dinheiro como modelo e ocasionalmente se perguntando se ele gostaria de tentar atuar. “E eu não teria mudado nada em termos daqueles tempos”, diz ele agora, com firmeza. “Ter 18, 19, 20 e poucos anos, brincar, estar em uma banda, ser pago para tirar minha fotografia – tudo parecia uma grande brincadeira para mim, e eu adorava o elemento descompromissado. Essa atmosfera de espírito livre combinava comigo.  Muitos dos meus amigos com os quais eu cresci em Belfast, sabiam exatamente o que queriam fazer e planejaram-se de acordo, foram para a universidade e permaneceram no curso porque isso lhes daria aquele emprego que procuravam. E hoje em dia todos eles trabalham nos áreas que planejaram e nenhum deles está feliz! Então, acho que minha abordagem foi melhor.”

Ele começou a atuar em 2006, tornou-se famoso em 2013 interpretando o serial-killer Paul Spector na série de televisão “The Fall” e atingiu o grande momento em 2015 interpretando Christian Grey na controversa franquia “Cinquenta Tons de Cinza”. Uma ascensão lenta e constante para o sucesso, e Jamie, que completa 40 anos em 1º de maio, diz agora que está feliz por ter acontecido assim.

“Acho que tive sorte que o reconhecimento mais amplo do meu trabalho aconteceu no final dos meus vinte e trinta anos”, diz ele.

“Se isso tivesse acontecido quando eu tinha 20 anos, talvez eu não tivesse lidado com isso da maneira certa. Não me importo o que digam, você é um idiota quando tem 20 anos – você não pensa que é, mas não sabe o que está acontecendo. Eu olho para trás agora, quando eu tinha 20, 21, eu me divertia muito e comparado a algumas outras pessoas, eu provavelmente era bastante sensato, mas ainda era uma criança e é difícil quando você fica famoso e ainda é uma criança. Na verdade, acho que não é feito o suficiente em Hollywood para proteger aqueles meninos que ficam famosos quando são muito jovens, mas eu tive a sorte de que quando essas coisas começaram a acontecer comigo, eu tinha 30 anos, conheci minha esposa e começamos uma família e todas essas coisas muito normais estavam acontecendo na minha vida que coincidiram com essa loucura que acontecia na minha carreira.”

Ele é famoso por ter um casamento feliz com a musicista Amelia Warner, com quem tem três filhas, Dulcie, oito anos, Elva, cinco anos e Alberta, três anos. Perguntei como ele e Amelia se conheceram, e ele ri novamente. “Foi há 11 anos, e estávamos meio que juntos”, diz ele. “Eu simplesmente não tenho a confiança de dar o primeiro passo, especialmente se estou atraído por alguém, mas se alguém nos apresentar – “Ei Jamie, conheça quem quer-que-seja” – estou bem, posso conversar.”

“Eu soube imediatamente que me casaria com Millie naquela primeira noite. É doido – eu simplesmente sabia, ‘Oh, meu Deus, eu vou me casar com essa garota que acabei de conhecer.’ Eu também estava convencido de que ela nem se lembraria de mim no dia seguinte e lá estava eu pensando que vou me casar com ela! Mas combinamos de nos encontrar de novo e como eu estava preocupado que ela não se lembrasse de mim, senti que deveria me tornar inesquecível.”

“Então, quando eu apareci para buscá-la eu estava vestindo um suéter grosso com tema de Natal, mas e agora, agora não era Natal; era fevereiro e estávamos em LA, sabe? E ainda me lembro de ter visto a reação dela quando ela abriu a porta e eu fiquei ali usando esse suéter idiota e, sei lá, ela simplesmente entendeu. Eu poderia dizer que ela entendeu e gostou de mim, mesmo que ela provavelmente pensasse que eu era um pouco estranho – o que ela certamente sabe que sou depois de todo esse tempo! Eu pensei, ‘Certo – isso vai ser bom.’ E tem sido ótimo desde então.”

Quando não estão viajando a trabalho, recentemente passaram um tempo na Austrália, onde ele gravou a tensa minissérie de TV “The Tourist” – a família vive tranquilamente no campo de Gloucestershire. E sim, ele diz sorrindo, eles muitas vezes gostam de ser musicais.

“Provavelmente há mais música acontecendo em nossa casa do que em uma casa comum”, ele admite. “Eu toco um pouco – eu posso tocar violão e as meninas têm alguns pedidos de números que elas gostam que eu toque. Eu canto muito em casa também, o que provavelmente é relativamente chato, mas as crianças muitas vezes acham engraçado ou querem cantar junto também.”

“As duas meninas mais velhas estão aprendendo a tocar piano – no momento temos alguns pianos em casa por causa da minha esposa. Então, é definitivamente uma casa musical – embora eu não me classifique como um cantor da maneira que algumas pessoas são.”

Perguntei a ele sobre ser pai e seu rosto se ilumina.

“Eu sempre soube que eu era alguém que queria se casar e ter filhos – algumas pessoas não querem isso, mas eu sempre soube que queria. Eu acho que você passa muito do seu tempo em seus vinte anos lutando e se divertindo muito, mas você ainda não está realmente estabelecido e o propósito de sua vida ainda não está definido. E então você está em um relacionamento adequado. E então você tem filhos e de repente descobre que está tomando decisões e fazendo coisas com eles em mente o tempo todo. Então, de repente, você se torna muito mais enraizado e confortável em seu papel na vida, porque em vez de apenas fazer as coisas para si mesmo, você as está fazendo para outras pessoas. E isso me deixa confortável.”

“Na verdade, eu me sinto muito mais confortável em minha própria pele agora do que acho que me senti antes.”

Ele pensa por um momento e acena com a cabeça, sorrindo baixinho.

“Toda decisão que tomo é para minha família”, diz ele. “E eu gosto disso.”

Fonte: Candis Magazine, ed. Abril

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